Abril, cravos e liberdade
Vamos lá “meter a língua” no assunto
Existe um certo espaço no “Notícias da Barca”, cujo o autor é o já conhecido deste blog Jorge Moimenta, que nos vem neste 25 de Abril apresentar uma visão rebuscada do 25 de Abril. Uma visão que talvez seja própria de quem não sabe muito bem qual a substância da democracia e liberdade pela revolução conquistada. Por um lado critica o modo como a democracia foi a partir daí ensinada e implementada em Portugal, apresentando-se contra uma doutrina ensinada aos portugueses que segundo ele é “socialismo”. Por outro lado diz que os “100 mil professores que votam contra são compensados pelos 100 mil da direita que votam no governo!”. E a confusão assim se instala. Durante quase todo o artigo apresenta-se com uma postura extremista de direita e conservadora, dizendo que a partir da revolução o país não mais caminhou devido a, entre outros:
· “(…) o Sr. Professor deixava de o ser para ser apenas professor”;
· Os pais aprenderam que “as crianças deviam receber lições de sexo”;
· Que o “sacristão” teve que ser promovido a “padre”.
E questiona ainda:
· “Se os professores passaram a ter regalias que nenhum outro trabalhador tem, como lhes vamos exigir que aceitem a perda dessas regalias?”;
· Se as crianças tinham que aprender a fazer sexo, como podemos evitar que o façam na Ínsua do Vez ou que os namorados estejam nos cafés a meter a língua na boca um do outro?”.
E conclui estas ideias dizendo:
“Por tudo isto que ninguém se admire do que se passa no nosso país.”
Se isto não é extremismo de direita, anda-se a “meter a língua” lá perto. Lá pelo meio ainda fala que nem à Grécia Portugal conseguiu ganhar.
Pode-se então concluir que 34 anos depois ainda existe quem não saiba bem o significado do 25 de Abril, e qual o rumo de que uma democracia deve seguir, daí que se diga “Como caminha este país!”.
Metamos então a “língua” no que interessa. Vivemos mais um 25 de Abril, e mais uma recordação do que se passou no mesmo dia de 1974. Uma data crucial, que acabou tanto com a opressão e mordaça, com pilares na PIDE e censura, com o isolamento de Portugal no mundo, sem qualquer relações internacionais, com pilar numa história de um Portugal como grande império “provinciano” no mundo, e com a Guerra Colonial, assente na mesma ideia de Império. Este dia deveria, infelizmente, ser muito mais respeitado e lembrado, mas infelizmente a cultura católica herdada desse velho regime que caiu em 1974 faz com que feriados religiosos sejam mais cumpridos e respeitados. E muitos vêm dizer que do 25 de Abril, do seu espírito, sonhos e ideais, pouco resta, mas na realidade, como Mário Soares já disse, resta tudo: a democracia e a liberdade em que hoje Portugal e as suas gerações pós 25 de Abril vivem.
Lindoso: um potencial ponto turístico
Que a freguesia de Lindoso era uma das mais belas de Portugal, muitos já sabiam: Natureza, com as belezas do PNPG, as tradições, como o “Pai Velho”, a história, desde há milénios até ao Castelo Medieval, e o progresso, com a maior central hidroeléctrica do país. Tudo isto num pequeno recanto do Alto-Minho junto à fronteira com Espanha. Define-se assim um caso único no país, e um dos grandes locais de potencial turístico não totalmente explorado.
Prova de tudo isso é o interesse de várias Universidades no estudo de todas estas características únicas. Num dos recentes jornais vem “O ciclo ritual e festivo de Lindoso e seu potencial para um turismo criativo a ser estudado por investigadores no estrangeiro”. Alguns dos exemplos são investigações do Mestrado de Turismo Cultural de Barcelona, um doutoramento da Universidade Autónoma de Madrid e a Universidade de West-of.England no Reino Unido.
Por tudo isto que as autoridades e instituições políticas passem de falar do “potencial” para a execução. Melhor hotelaria, desporto de aventura e roteiros, trilhos e passeios guiados e estruturados, são algumas ideias.
Misericórdias preocupadas
Na recente entrevista de “O Povo da Barca” a António Bouças, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca, é manifestada desilusão e preocupação. De facto há motivos para a preocupação das Misericórdias. A nível concelhio não foi aprovada a candidatura ao programa PARES para a instalação de um Lar de Idosos em Paço Vedro de Magalhães, o que foi contra todas as expectativas dos responsáveis da Misericórdia. A nível nacional surgiu recentemente a notícia de que existem lares que vendem as vagas em troca de avultados donativos, deixando em lista de espera os idosos mais carenciados (http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=341011&visual=26&rss=0). Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social veio para os meios de comunicação dizer que o controlo dessas situações é difícil, e que “os familiares têm medo de fazer queixa porque temem que o seu pai ou a sua mãe venham a sofrer represálias dentro das instituições". Tempos difíceis atravessam as Misericórdias. A nível concelhio o provedor anda desiludido com o chumbo desta candidatura ao funcionamento PARES, com a falta de verbas para obras no Lar Condes da Folgosa e com a ausência de “subsídio de âmbito central ou local”. A nível nacional a comparticipação do Estado por cada idoso de cerca de 330 euros mensais faz com que muitos lares troquem vagas por donativos. Apesar da tristeza da Misericórdia de Ponte da Barca devido a falta de dinheiro, felizmente que essas “poucas vergonhas” reveladas a nível nacional não se passam por aqui. “Tesos, mas sérios”, deve continuar a ser a postura a nível concelhio, pois felizmente (supomos todos) a situação na nossa terra permite a cada leitor deste blog dizer: “Não conheço nenhum caso desses donativos aqui nos nossos lares”. Segundo as notícias nacionais, muitos desses donativos não ficam registados, ficando no segredo dos “deuses”, por isso não é demais lembrar aos leitores que caso algum dia tenha conhecido ou venha a conhecer realidades destas, "a pressão para dar donativos em troca de uma vaga é completamente ilegal e constitui um crime de burla". É o presidente do Instituto da Segurança Social que o diz!
Nova Ambulância para Bombeiros: mais espectáculo que a gente gosta!
Mais uma viatura, mais uma cerimónia! E é assim que em Portugal e em Ponte da Barca se passam as coisas. Os bombeiros Voluntários, em crise, e com meios que não abundam, recebem uma nova Ambulância. Até aí tudo de bom! Como não poderia deixar de ser, com personalidades à mistura e com a bênção da Igreja, numa data em que se celebra os 34 anos de Estado laico, com liberdade religiosa e sem crença religiosa oficial. A tudo isto se mistura mais uma homenagem ao falecido Dr. Carneiro, numa entrega de ambulância. Uma ambulância, segundo a imprensa, com “particular dedicação” ao Dr. Carneiro, que já fora presidente dos Bombeiros, e cuja bênção fora apadrinhada pela viúva Susana Carneiro.
Após os episódios de bênçãos de carrinhas para as freguesias, mais uma vez Ponte da Barca não nos deixa ficar mal… pelo menos em matéria de número cerimónias por unidade de tempo e de espaço.
Mais uma cerimónia. Mais uma bênção. Mais um retrato de Portugal. Mais uma missão cumprida para o barqueiro.
Multiplicam-se os “tachos múltiplos” por cada político
Este comentário não se especificamente a personalidades políticas de Ponte da Barca, mas por extensão, noutras áreas que não a deste artigo, até pode. De qualquer forma, falemos da constituição de mais uma empresa intermunicipal, a “VALICOM”. Não é que não seja necessária. Os seus objectivos demonstram a sua necessidade: construir e gerir a rede comunitária “Valimar NET”. No fundo representa mais e melhor acesso a recursos multimédia por parte das populações dos 6 municípios Valimar, dos quais se inclui Ponte da Barca. Na Era da Informação, é essencial o acesso a pacotes de Internet ADSL, televisão (de alta-definição e aluguer de vídeo em casa), telefone e telemóvel. O melhor de tudo isto é que os do costume, como é o caso do Presidente de Câmara de Ponte de Lima, Daniel Campelo, e ainda mais do Presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, Francisco Araújo, lá estão, nestes casos específicos na Mesa da Assembleia desta empresa. Para além destes “do costume”, Ponte da Barca, que “nada” tem, perde mais uma oportunidade de ter por cá “alguma coisa”, como é o caso da sede desta “Valicom”, que irá ir para o Centro de Incubação de Empresas de base Tecnológica, a ser construído em Guilhadezes, Arcos de Valdevez.