“O Povo da Barca” em queda abrupta
Depois de ser publicada uma entrevista do “regressado” Cabral de Oliveira com dimensões um pouco invulgares para as habituais entrevistas (bitaites em http://nadasobreabarca.blogs.sapo.pt/45074.html), “O Povo da Barca” mostrou mais recentemente sinais ainda mais evidentes de mau jornalismo, sobretudo no que diz respeito à imparcialidade relativamente aos vários grupos partidários que se julgam fazer parte de uma vida democrática e de igualdade. Trata-se do artigo “Guerras Políticas – Versão Ponte da Barca”, escrito pelo líder do Bloco de Esquerda no concelho António José Rocha, e acerca do qual foram publicados os “mandamentos do BE” neste blog (http://nadasobreabarca.blogs.sapo.pt/45886.html). O problema não está no artigo propriamente dito, mas no local em que foi colocado. Nada mais nada menos que a secção do jornal “Correio dos Leitores”. E obviamente que, sentindo-se discriminado, António Rocha exprime a sua indignação na última edição do mesmo jornal. É algo que revela bem a mentalidade enraizada, que Arnaldo de Sousa, director de jornal, diz tantas vezes ser um problema, e que desta vez revela ser também um problema seu. Após quase 34 anos de liberdade em Portugal, ainda existem “escarros” que por vezes se vão escapando, cuspidos directamente na igualdade que os cépticos, realistas e sonhadores, chamem-lhes o que quiserem, dizem ainda estar longe de ser atingida. Como é que é possível que um líder partidário escreva na secção “Correio dos Leitores”? Que sejam também leitores, isso também é verdade. Mas são mais que isso. São representantes de partidos políticos, que têm como objectivo na sua diversidade de perspectivas construir um bem comum. Por isso têm o pleno direito, e dever até, de intervirem junto da opinião pública e dos meios de comunicação para divulgarem a política a todos os interessados: as populações. Por isso usufruem, ou usufruiriam, como tem acontecido com os outros partidos no caso do nosso concelho, de privilégio em divulgar a sua mensagem nos jornais. O “Correio dos Leitores” é estar a desprezar a importância de um partido, neste caso o BE, em relação aos outros, incluindo-o numa coluna que deveria ser, como o nome indica, para o “correio” enviado pelo leitor comum.
Como se ainda não chegasse a gravidade do acontecimento, Arnaldo Varela vem-se justificar com um acordo de colaboração regular de António Rocha para o jornal, que terá sido quebrado durante um grande período de tempo pelo líder do BE, tendo ele alegado suspensão temporária por razões pessoais. Mas não tendo unicamente a qualidade de leitor, o senhor António Rocha é líder do BE. E o BE é menos do que os outros partidos, que certamente nem acordo terão (nem se justifica a sua necessidade) com os jornais? Estamos a falar de uma questão de igualdade, e BE por ser o partido mais pequeno será menos igual ou importante do que os outros? Triste entrada neste simbólico mês de Abril que está à porta.
P.S.: A atitude de “criança” de Arnaldo de Sousa chega ao ponto de em rodapé dizer que António Rocha no seu artigo ter escrito a palavra “descriminação”, que terá sido sunstituída pela sim correcta “discriminação” pelo jornal. E o barqueiro como também gosta de ser criança fecha dizendo: pois é, há uma grande diferença entre as duas palavras. É que “descriminação” talvez não saiba mesmo o que é, mas “discriminação” é capaz de saber bem de mais.