Santa Casa da misericórdia: no futuro, como no presente
No dia 18 de Outubro festejou-se o "Dia da Misericórdia". Como não podia deixar de ser, bonitos discursos sobre a nobreza da tal "Santa Casa" se ouviram. E da boca do Provedor António Bouças, mais uma vez se ouviram queixas da situação financeira. "Orgulho no passado, preocupação com o futuro", assim se lia nos cabeçalhos dos jornais locais.
Do passado ninguém duvida da grandeza: 4 séculos de história, sendo que a Santa Casa de Ponte da Barca terá nascido em 1534.
Quanto ao futuro, o Provedor diz que há preocupação. E, pelas suas palavras essa preocupação está no "(...) sector social, onde gravíssimos problemas persistem (...)". Lembrou também à Câmara que é dever do poder político ajudar na manutenção do património e da obra que a Santa Casa possui. Seria este mais um aviso desesperado por apoios financeiros e "borlas" à Câmara Municipal? Provavelmente, atendendo à tão anunciada crise financeira da instituição. O livro que se aproveitou para apresentar na cerimónia chama-se "Entre Ricos e Pobres" e conta a história da instituição até 1800.
Analisando agora os factos, é compreensível que a história da Santa Casa até 1800 se resuma a "ricos e pobres", como neste título. Até porque nesses séculos a acção desta instituição era socialmente essencial. Fica a questão se a actual Santa Casa estará também "entre ricos e pobres". O barqueiro desde já duvida muito, até porque é comum ouvir das nossas gentes, especialmente aqueles que estão na idade e na vontade de usufruírem de um Lar de Idosos, como o Condes da Folgosa, expressões curiosas. Essas expressões valem apenas, e só apenas, a opinião desses necessitados do "sector social", como o Provedor disse, e incluem coisas do tipo "é muito difícil entrar!" e "isso nunca há-de ser para mim!". E porque é que se dizem estas coisas? O Provedor e as suas gentes que pensem e averigúem as razões, pois o barqueiro não é um jornalista para fazer inquéritos, apenas é um personagem que manda uns bitaites. Essas razões hão-de ser a justificação para que o Provedor pudesse ter dito "Santa casa: no futuro, como no presente" em vez de "Orgulho no Passado, preocupação com o futuro". Na altura em que se passar a ouvir expressões do tipo "estou à espera de lá entrar", então esse tal "sector social" estará muito melhor servido pela Santa Casa da Misericórdia...