Falta de cultura leva a faltas de respeito pelo património
Recentemente assistimos no "Notícias da Barca" a uma troca de palavras entre M. C. Soares e Alípio Pereira. É triste que pessoas se zanguem por causa de algo tão nobre e importante para o concelho como é a Igreja do Mosteiro de Bravães. Ainda mais triste é o facto de alguém que não é da freguesia de Bravães, como é M. C. Soares, venha alertar numa edição anterior do referido jornal para a falta de acompanhamento e informação dos turistas que visitam esse monumento de Bravães e a Igreja Matriz, e venha o senhor Alípio Pereira na edição seguinte quase insultar M. C. Soares para defender a igreja que pelas palavras será da sua freguesia. É também verdade que o senhor M. C. Soares não se deveria ter alongado tanto na resposta a Alípio Pereira, tornando-se muito extenso. Mas a verdade essencial está do lado de M. C. Soares: os nossos monumentos, como são a Igreja de Bravães e a Igreja Matriz mereceriam uma muito maior atenção das entidades políticas do concelho: os turistas actualmente deparam-se apenas com as paredes e beleza dos monumentos, mas com poucos meios que os permitam seguir as suas visitas.
Numa outra freguesia, em Vade S. Tomé, uma coisa muito mais grave poderá acontecer. Depois do alerta de António Pestana Raposo acerca das intenções de destruir o vestígio de uma antiga via romana e seus muros para fazer obras numa via de acesso na freguesia, o presidente de junta Joaquim Silva Lopes vem reponder em tom de "chico esperto". Se não se lembra dessa denúncia pode ir ver o comentário já publicado neste blog em http://nadasobreabarca.blogs.sapo.pt/22279.html. Alguns desses argumentos que permitem classificar desta forma o comentário nos jornais deste presidente de junta são:
"1º - Este senhor esquece-se que esta obra é a ligação interior do lugar de Paredes ao lugar da Mouta"
"2º - Não é de modo algum benefício de pessoa singular mas sim de interesse público."
Claro, o arranjo de um caminho da freguesia sobrepõe-se ao valor do património histórico, marco no tempo da cultura de outrora. Senhor presidente, lembra-se de Foz Coa? Era uma barragem de interesse fundamental para esse concelho inteiro e não fui para a frente? Quer que um caminho destrua um pequeno mas simbólico vestígio da ocupação Romana?
"3º - É verdade que há um muro em mau estado, e outro ruiu na estrada da Mouta, mas esse senhor não diz nada que a queda do muro se deve a um desaterro que ele próprio fez à revelia da Câmara Municipal."
Claro, vamos lá descobrir os "podres" de quem se quer acusar, para ele perder toda a credibilidade - agora já se pode deitar os muros romanos ao chão.
"4º - E muito mais teria a dizer mas fico por aqui. O senhor Engº meta a mão na consciência..."
Este 4º ponto é no mínimo genial. "Muito mais teria a dizer..." é um bom argumento para alargar o tal caminho...
Como se não chagasse ainda revela uma certa estupidez ao dizer que se surpreende "que uns simples muros de vedação, ainda por cima tem as juntas feitas com cimento, se possam chamar de muros Romanos, mas enfim eram Romanos evoluídos." Senhor presidente, olhe para a estrada romana junto à rua Trás do Forno na vila e veja lá as tampas do saneamento. Não é por causa disso que não deixa de ser Romana. Perdeu foi parte do valor que posssuiria se fosse preservada, tal como provavelmente acontece com esses muros dos "Romanos evoluídos". O facto de ambas as estradas não serem preservadas deve-se ao simples facto de quem governa as nossas terras não ter visão, cultura ou o que quiserem mais chamar.
Na opinião deste insignificante blog, o IPPAR deve ser chamado para avaliar de facto e objectivamente esta situação, de forma a orientar da melhor forma este problema.