Um relato na imprensa local acerca de um episódio passado em Vila Nova de Muía prova mais uma vez que o problema das escolas em Portugal é serem "portuguesas", na verdadeira acepção da palavra. Tantas vezes ouvimos falar da "mentalidade portuguesa" como pesada herança de tempos fechados de ditadura que se propagou às gerações posteriores. Tantas vezes ouvimos falar de Portugal na cauda da Europa em muitas áreas. São na realidade dois factos que andam de mãos dadas, "casadinhos" e com um laço muito forte que os une. Transferindo estas reflexões para a educação temos as explicações do que se tem passado na actualidade do país. O problema da Escola Carolina Michaelis é da educação que se dá aos jovens. Muitos pais não educam os filhos, e sobretudo não incutem nos filhos a importância da escola, e para o que é que andam a caminhar através dos estudos, e depois os culpados são os telemóveis. Os professores dão a entender que não querem ser avaliados, pois não avançam alternativas ao modelo tão contestado, dizendo apenas "não à avaliação". A sociedade com a tal mentalidade rotula pessoas e cria divisões com base nas diferenças que felizmente existem entre as pessoas, e incute isso desde tenra idade, e o Procurador Geral da República vem dizer que as escolas são "incubadoras" da violência e injustiça. As escolas não actuam quando há indisciplina e os alunos habituam-se a recorrer e a imitar os episódios de violência, chegando-se ao ponto de se precisarem de vídeos das cenas de indisciplina para "fazer de conta que se disciplina". O problema da indisciplina e violência na escola sempre existiu, assim como a mentalidade, e chega-se a 2008 e um vídeo do youtube que alguém se lembrou de por nos telejornais espanta as pessoas e os políticos, quando toda a gente que passou pela escola sempre soube que isso existia.
Talvez nesta onda mediática, que já está quase esquecida, alguém decidiu por no jornal que um aluno da freguesia de Ponte da Barca já referida foi discriminado quando não lhe entregaram as amêndoas na celebração da Páscoa na escola, ao contrário do que fizeram aos restantes alunos. Só foram entregues depois, depois de o tal aluno ter visto as amêndoas serem entregues aos colegas. Isto e tudo o resto aqui falado passar-se-á também nas escolas de Ponte da Barca, como todos saberão.
A taxa de mortalidade infantil costuma ser usada como índice de desenvolvimento de um país, e nisto Portugal já é um país desenvolvido. Os restantes rankings mostram um Portugal fracamente desenvolvido, pois é um país que não consegue construir uma base para o desenvolvimento tão desejado: educar os cidadãos.