Enfim algo que se pode elogiar no panorama político barquense. O “Cartão Vida” é finalmente uma realidade em Ponte da Barca, à semelhança das iniciativas de outras câmaras nos país que já o tinham introduzido. Trata-se de um cartão atribuído a pessoas com mais de 65 anos e/ ou com pensão de invalidez, e cujo rendimento por pessoa do agregado familiar não ultrapasse o Salário Mínimo Nacional. Segundo o “Notícias da Barca”e o “Diário do Minho”, foram entregues os primeiros 200 cartões no dia 26 de Novembro na cerimónia realizada no auditório da Epralima. 62 entidades do Concelho aderiram ao Cartão, permitindo descontos em vários serviços dentro do concelho aos idosos e inválidos. Boa medida, falta agora que a informação circule, e parece que tem circulado, e mais do que isso, que por exemplo, as juntas de freguesia, mais próximas das populações, façam com que o cartão chegue de facto a todos as pessoas nas condições referidas, dado que, por exemplo, existirá uma grande parte dos idosos no concelho que não conseguirá saber dos seus direitos, como em muitas outras coisas. Por outro lado, que este cartão não seja atribuído indevidamente, como sabemos que acontece em muitas outras acções sociais. Que fiquem os “conselhos de amigo”. E, mais do que neste momento criticar, há que desejar boa sorte e uma vida útil e longa para este “Cartão Vida”.
Já agora fiquem com a foto de um auditório com 200 munícipes abrangidos por este benefício social.
Razões de atraso barquense: a análise de um sociólogo
É o sociólogo Pedro Costa que na edição de 7 de Julho do "Notícias da Barca" faz a análise da situação barquense actual, a nível social, económico e político. Trata-se de uma análise possuidora de qualidade e rigor técnico, de uma pessoa formada numa das áreas de formação mais adequadas para a fazer. O título do artigo é "Atenção poder político e população em geral" e este blog aconselha vivemente a sua leitura e retenção, e se possível recorte e arquivação. Ficam aqui alguns excertos, que nos fazem reflectir e pensar, e sobretudo "abrir os olhos".
"(...) o desenvolvimento local não se faz apenas de números e posicionamentos estratégicos (...) pois se bem se lembram a implantação da primeira zona industrial nos Arcos de Valdevez foi consensualmente colocada entre municípios (Paçô). Cabe, por isso, ao poder político local conciliar os atributos do município com as reais políticas de desenvolvimento."
"(...) a grande fatia económica do orçamento de gestão financeira de um município está na capacidade de absorver taxas ou impostos. (...) é de destacar, principalmente porque é o que detém mais peso económico, o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). No entanto, para que haja uma grande capacidade de encaixe deste ou de outras taxas, é necessário que o município tenha um grande parque imóvel e/ ou forte capacidade de atrair investimento. (...)
Para exemplificar facilmente, basta dizer que o número de fogos habitacionais, em Arcos de Valdevez, foi dez vezes superior em 10 anos. Em Ponte da Barca, nesse mesmo período, esse crescimento foi apenas três vezes superior."
"Este atraso alcançado em pouco mais de dez anos - com responsabilidades que devem ser atribuídas, em particular, ao poder político instituído e, em geral, à população que concordou com a passividade da gestão autárquica - produziu, para além da falta de poder económico do concelho, um sentimento de inferioridade da população Barquense (...)."
"O grande problema dos sentimentos de inferioridade é que arrastam consigo, geral e principalmente, três efeitos: por um lado, o efeito da aceitação da inferioridade; por outro, um sentimento de raiva face à classe dominante; e, por outro, o efeito do apego a vitórias morais, que em nada contribuem e que servem apenas para minimizar o sentimento geral de inferioridade e/ ou derrota."