Barca com sinais de melhoria
espírito crítico está a despertar?
Estarão a despertar mais espíritos críticos de entre as vozes barquenses? Ainda é cedo para afirmar, e a verdade é que poucas são as vozes inconformadas e que se diferenciam de uma massa amorfa de mentalidades que já vêm desde tempos remotos de geração em geração.
Como também já foi provado, ainda que poucas vezes, o barqueiro não é apenas um "deita - abaixo" como muita gente quer fazer crer. Desta vez há que destacar textos dos nossos jornais regionais, que vêm quebrar um pouco o marasmo noticioso e de opinião em que os nossos jornais são infelizmente muito ricos.
O barqueiro está-se a referir os artigos recentes de Armando Marques (o mediático autor de "Mulheres d'Armas e Homens de Barba Rija"), António Gonçalves Araújo e Manuel Soares (ambos habituais escritores das colunas de opinião e actualidade).
No primeiro caso, Armando Marques, o barqueiro só tem de lhe "tirar o chapéu". Trata-se de uma quebra com a sua linha de orientação. E é mesmo verdade: o homem que já militou por um dos partidos da direita, e ainda mais importante, que trata José Manuel Amorim por "duplo senhor", um "sr." antes do seu cargo e outro depois antes do seu nome próprio, conseguiu-se finalmente libertar e chegar à conclusão que nenhum partido político oferece actualmente credibilidade às pessoas. Está tudo no seu artigo "Partidos Políticos sem Crédito". Vejam um dos melhores excertos que este senhor já teve oportunidade de escrever:
"(...) crédito que os partidos políticos têm nas autarquias. Mas na verdade seja de esquerda ou de direita (...) CRÉDITO, é coisa que eles não têm."
in "Notícias da Barca"
Mas como este escritor ainda se está a iniciar nestes ramos do inconformismo, algo de estranho e pouco esclarecido é referido logo no início do artigo. Diz que o Município de Ponte da Barca é um dos que ainda não teve problemas com a justiça, e que, e passa-se a citar, "Só em casos de freguesias poderá haver efectivamente problemas, mas nunca a esse nível". Estará ele a referir-se às "batalhas campais" que ocorrem frequentemente nas assembleias de junta de freguesia do nosso concelho? Só ele saberá que realidade pretendeu dar a conhecer acerca das juntas.
Outro habitual escritor é António Gonçalves Araújo, que desta vez nos brindou com um tema que é um dos maiores escarros do nosso Portugalinho: PDM's !!!!!!!!!!!!! Se não sabe muito bem do que se trata, o barqueiro pode-lhe dizer que é algo que existe para ser quebrado e abandalhado. Município que se preze viola como e quando quer o PDM, manipula-os como entende e aprova tendo em conta todos os interesses menos os relativos à paisagística e urbanismo. Se quiserem saber algo mais acerca do seu funcionamento fique com o excerto do artigo escrito por este senhor intitulado de "Licenciamentos, PDM e outras facilidades":
"Durante muitos anos , a burocracia, a pulverização (...), "as areias de engrenagem" e a morosidade de processos têm sido inimigas dos cidadãos e dos investidores sérios que desesperam para obter a legalização dos seus processos. Ao lado e a coberto dos inúmeros entraves tem prosperado uma "fauna" que para além de subir na vida sem fazer força, provoca um encarecimento incompreensível dos projectos.
Neste caldo de cultura surgem os agentes do favorzinho, os profissionais dos pareceres jurídicos que lêem e relêem os complicados normativos, concluindo sobre os estados de alma do legislador em função do cliente e os decisores políticos que aparecem a anunciar a resolução de um problema altamente bicudo ("Não queira saber... Não fosse a consideração que tenho por si...")."
in "O Povo da Barca"
Por último Manuel Soares vem comentar, no seu espaço de opinião "Textos, Pretextos e Vice - Versa", a actual situação da política portuguesa à vista dos olhos dos cidadãos. Vive-se actualmente um profundo fosso entre cidadãos e políticos, fosso esse criado pela perda da confiança entre as duas classes. A questão central posta em reflexão neste artigo é se é possível reconciliar cidadãos e políticos. Fiquem também com mais um excerto. Mas atenção! Se pertence ao núcleo duro da "brigada da cor" de cada partido, votando religiosamente no seu partidinho todas as eleições, então este problema da actualidade nada lhe dirá.
"Os cidadãos distanciam-se da política, porque constatam que os políticos se apresentam ao eleitorado com programas e promessas que depois não cumprem e acções que nunca estiveram previstas passam a ser prioridade e executadas de imediato. A população desencanta-se porque "vê os políticos como incompetentes e incapazes de compreenderem o povo", associa-os muitas vezes ao oportunismo e ao clientelismo e desabafa que, afinal, são todos iguais."
in "O Povo da Barca"
Ponte da Barca "diz amén" com os vizinhos da outra margem do Lima
Como já tinha sido referido pelo barqueiro na semana passada, em Ponte da Barca passou pela cabeça daqueles que vivem a sua cor política 24 horas por dia manifestarem-se com o pretexto da tão falada mas pouco conhecida Carta Educativa. Como o barqueiro previu e mais uma vez acertou esta crise psíquica foi apenas temporária, e não tardou que se volta-se para a nova moda nacional: URGÊNCIAS. No entanto é necessário referir que o barqueiro não acreditou numa manifestação da população barquense devido às diferenças nas "tonalidades" entre Ponte da Barca e outras Câmaras Municipais que se manifestaram contra o Governo. Ao contrário do que estará pensando não foi desta vez que o barqueiro errou. Ponte da Barca recorreu ao velho truque da velhaquice, ou diz amén, de que as pessoas destas terras tanto fazem uso e tanto aperfeiçoam de dia para dia. Quem não conhece alguém, seja outra pessoa, seja ela própria, que não tem que recorrer ao diz amén no final de uma conversa com o vizinho ou com alguém conhecido ou mesmo próximo? Pois esta característica nativa preservada ao longo de séculos, e disseminada a todos no tempo em que vivia Oliveira Salazar, chegou ao rubro nestes últimos tempos com a manifestação contra o encerramento do período nocturno das Urgências de Arcos de Valdevez.
Diz o arcuense:
Ó barquense, tu não "bais" fazer um "pé de bento" contra o fecho das Urgências que o "Goberno" anda para aí a fazer? Não me digas que gostas do (piiii)... do Sócrates!
Diz o barquense:
Ai as Urgências "bão" fechar? Aqui na Barca ainda bem que não "bai" acontecer nada. "Debe" ser porque o nosso Presidente é amigo do Sócrates. Ele tem muitos amigos lá em Lisboa que ele diz que dão um jeitinho aqui para a terra, sabia? Mas não sabia disso aí na "bossa" terra.
Diz o arcuense:
O ministro da saúde tem é que sair de lá! São todos iguais, quando se apanham lá no poleiro "pumba!", todos a malhar no desgarçado! Olhe que eu não "botei" nesses do PS!
Diz o barquense:
Olhe que eu também não! (AMÉN). Eu nem sei como é que o "El Mestre" João "Estebes" perdeu, coitado do "home"! (AMÉN). Mas aqui como deste lado do rio a Câmara é de outra cor acho que não vai "haber" nada. Mas como "bocês" são boa gente "bamos" com "bocês"! (AMÉN). Olhe que isto! (AMÉN). Deus dê juízo ao "Goberno"! (AMÉN).
Como bom povo velhaco que por estas terras do Lima as pessoas são, diz-se amén com todos, apesar de não se querer de maneira nenhuma dar a cara: "ficamos aqui muito bem acomodadinhos na sombra dos outros", ainda apara mais quando o assunto só afecta os outros. E neste caso porque é que só toca aos arcuenses? A cor do Governo e da Câmara da Barca não terá nada em comum? Eis o resultado de mais uma palhaçada à boa moda barcalhoense:
Apesar de desta vez não tocar à Barca o fecho das Urgências, o povo barquense e os políticos barquenses que o governa já nos revelou que se diz amén mas não se dá a cara. Quem não se lembra do IC28 ser inaugurado, e quando se dizia que essa estrada ligava Ponte do Lima a Arcos de Valdevez, o pobre Presidente Armindo, tal como a atitude de todos os restantes, dizia que ligava na realidade a Ponte da Barca? E quem não se lembra de ser noticiado que ao longo da A3/ IC28 seria sinalizado o Mosteiro de Bravães, o Castelo do Lindoso, e outros interesses turísticos? Resultado: só foram conversas típicas do "fim da missinha de Domingo", em que muito se fala, mas depois no devido local e momento não se dá a cara e se diz amén. Hoje a Barca brinda os visitantes com pobres acessos esburacados sem sinalização de tais monumentos e da tão falsamente desejada IC28. Quem quiser que pegue num mapa, ou então que vá até aos Arcos para ver acessos e sinalização minimamente em condições.
Apesar de sabermos que o povinho arcuense pouco mais adianta que o barquense, uma coisa se pode concluir: Ao contrário da Barca, os Arcos ainda vão dando a cara por alguns interesses seus, ainda que a "corzinha" esteja sempre presente.