Misericórdias preocupadas
Na recente entrevista de “O Povo da Barca” a António Bouças, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca, é manifestada desilusão e preocupação. De facto há motivos para a preocupação das Misericórdias. A nível concelhio não foi aprovada a candidatura ao programa PARES para a instalação de um Lar de Idosos em Paço Vedro de Magalhães, o que foi contra todas as expectativas dos responsáveis da Misericórdia. A nível nacional surgiu recentemente a notícia de que existem lares que vendem as vagas em troca de avultados donativos, deixando em lista de espera os idosos mais carenciados (http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=341011&visual=26&rss=0). Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social veio para os meios de comunicação dizer que o controlo dessas situações é difícil, e que “os familiares têm medo de fazer queixa porque temem que o seu pai ou a sua mãe venham a sofrer represálias dentro das instituições". Tempos difíceis atravessam as Misericórdias. A nível concelhio o provedor anda desiludido com o chumbo desta candidatura ao funcionamento PARES, com a falta de verbas para obras no Lar Condes da Folgosa e com a ausência de “subsídio de âmbito central ou local”. A nível nacional a comparticipação do Estado por cada idoso de cerca de 330 euros mensais faz com que muitos lares troquem vagas por donativos. Apesar da tristeza da Misericórdia de Ponte da Barca devido a falta de dinheiro, felizmente que essas “poucas vergonhas” reveladas a nível nacional não se passam por aqui. “Tesos, mas sérios”, deve continuar a ser a postura a nível concelhio, pois felizmente (supomos todos) a situação na nossa terra permite a cada leitor deste blog dizer: “Não conheço nenhum caso desses donativos aqui nos nossos lares”. Segundo as notícias nacionais, muitos desses donativos não ficam registados, ficando no segredo dos “deuses”, por isso não é demais lembrar aos leitores que caso algum dia tenha conhecido ou venha a conhecer realidades destas, "a pressão para dar donativos em troca de uma vaga é completamente ilegal e constitui um crime de burla". É o presidente do Instituto da Segurança Social que o diz!
É nesta altura do ano que o movimento de cabazes é mais intenso. Há donativos para fazer a instituições e necessitados, há prendas para dar aos amigos e familiares, boas festas para desejar… E é assim que alguns dos cabazes em circulação no Natal contribuem para a taxa elevada de “intercâmbios natalícios”. Mas a contribuição mais relevante para essa taxa de circulação de cabazes são talvez os “cabazes graxistas”. É nesta altura que se aproveita para “pagar” a factura dos favores acumulados ao longo do ano ou, por outro lado, para “passar” a escova a alguém, para que o próximo ano seja tão próspero quanto o que passou. A política é um grande sector de circulação deste tipo de cabazes no nosso concelho.
Vulgar cidadão “devedor”: Olá! Muito boa noite sr. “Político”.
Político: Boa Noite.
Vulgar cidadão “devedor”: Venho aqui trazer-lhe este presentinho… Não é para lhe pagar nada… É só para lhe agradecer a sua boa vontade de me ter arranjado um “tachinho”…
Político: Não era preciso trazer nada…Não se incomode (Pensando: Não se esqueça de continuar a trazer!)
Vulgar cidadão “devedor”: Favorzinhos destes nem em toda a vida se conseguem pagar. Obrigadinho… Muito Obrigadinho… Bom Natal!
Político: Igualmente…
Vulgar cidadão “devedor”: Muita saudinha para sua esposa e toda a sua família… obrigadinho… adeus… adeus…
Mas eis que, nesta bonita história de Natal, o sr. Político com estatuto no seu meio envolvente, também está na condição de “devedor”:
Político “devedor”: Boa noite. Como está? Bem disposto sr. “vulgar cidadão”?
Vulgar Cidadão: Olá sr. Político… Por aqui?
Político “devedor”: Venho trazer-lhe uma pequena lembrança de Natal (Pensando: pela “fidelidade” que me tem mostrado e espero que assim continue).
Vulgar Cidadão: Ai… Deixou-me sem jeito… Não precisava de se ter incomodado…
Político “devedor”: Venho desejar-lhe também um Bom Natal a si e aos seus.
Vulgar Cidadão: A si também e a toda a sua família… Saudinha para si e para a sua família…
Político “devedor”: O que é preciso é saudinha para todos, tem muita razão. Adeusinho e boa consoada. Boa Noite.
Vulgar Cidadão: Adeusinho… Adeusinho… Não precisava de ter trazido nada. Muito obrigadinho…