Mais um ano com os livros
Mais um ano, mais uma Feira do Livro que já vai na 16ª edição. É nisto que o país se deve alicerçar: na cultura e formação dos seus cidadãos. A solução para a economia e a sua competitividade, para a corrupção, para a falta de qualidade de governação, para o civismo, para a liberdade plena, e para muito mais, reside na educação. Para além dos livros, esses sim o centro das atenções, decorrem outras actividades no âmbito da cultura: entrega de prémios a jovens em idade escolar participantes num Concurso de Leitura, Ateliers de Ciência e de Astronomia, e apresentação de obras, como sejam os livros “Dos oito aos oitenta”, de Helena Osório, “Magalhães e a 1ª Viagem à Volta da Terra”, de Teresa Saavedra, “A naturalidade de Fernão Magalhães revisitada”, de Amândio Barros, e “Igreja do Divino Salvador de Bravães”, de Eduardo Oliveira e Afonso Granja. Além disso, ainda há música e teatro. Do dia 16 ao 24 de Maio, muita cultura em Ponte da Barca. É na cultura e na formação que está o futuro, e eventos como estes contribuem para que a “catedral” do saber, o livro, seja promovido junto da população.
Devem até estar admirados da ausência da má língua nestas linhas, mas a verdade é que o barqueiro dá os elogios e os parabéns a todos os que permitem a realização deste evento importantíssimo, inclusive à câmara municipal. Continuem, e nunca se esqueçam da importância do livro!
O barqueiro não é ninguém para apelar, até porque sendo uma personagem fictícia, ou seja, não assume a cara de nenhum barquense, não tem moralidade para isso. No entanto, aqui se lança o desafio: porque não melhorar, e até fazer mais que uma vez por ano a Feira do Livro?
E viva a leitura!
A Feira do Livro de Ponte da Barca deste ano decorreu entre 12 e 20 de Maio. Foi mais uma vez um dos poucos eventos do nosso concelho que de facto é realmente cultural e construtivo para todos os barquenses. Ano após ano este evento tem surpreendido pela acção que pretende ter junto dos barquenses: o gosto pela leitura e pelo enriquecimento cultural. E os barquenses bem precisam! Aliás, não é à toa que aquele senhor que parece ter comprado um diploma tem insistido na questão da formação dos portugueses. E nisso ele tem razão: para se mudar um país, é preciso primeiro formar os seus cidadãos do ponto de vista intelectual. Querem o segredo para se sair do fosso me que os portugueses caíram (parece que já nasceram nele!)? Não é preciso muito mais do que mudar as mentalidades, aumentar o nível de formação dos portugueses e o gosto pelo saber. Só assim se acabará com os resquícios de salazarismo que ainda andam por aí (se calhar não são só resquícios!). E como conseguir isso. Não é fácil, sendo algo que se poderá projectar a longo prazo, e o problema é que ninguém assume uma atitude séria, competente e firme de iniciar isso. Como diz muitas vezes o povo: "todos querem é poleiro!".
E como começar esta remodelação mental em Portugal? Com eventos como a Feira do Livro em Ponte da Barca, que infelizmente se trata talvez de um evento isolado. É pena que o interesse pela formação seja tão baixo. E para contrariar isso nada melhor do que aumentar os seus níveis de literacia.
A Feira deste ano teve como destaques a exposição em memória do grande poeta Miguel Torga e os concertos de Maria Anadon e Wordsong Pessoa, para além dos, esses sim o principal atractivo, livros.
É de facto de elogiar o empenho e o interesse dos organizadores deste evento anual, que ao contrário do que se poderia pensar, não se tem esbatido.
Continuem com o melhoramento anual deste evento, e fundamentalmente não façam deste acontecimento um evento isolado, pois as pessoas já estão exageradamente abastecidas doutros eventos em que infelizmente os barquenses são mais especialistas.