Política à mesa: aperitivos
Depois do "petisco" político que a ressurreição de Cabral de Oliveira e dos seus novos discípulos nos proporcionou, é nesta fase do ano, e do mandato, que se servem os "aperitivos". Durante este mandato fomos "petiscando" aqui e ali uns episódios políticos, mas é agora que se começam a servir os "aperitivos", duma "refeição" que terá o seu "prato principal" aquando da campanha eleitoral, até ao momento de depositar o boletim na urna.
Enquanto os "aperitivos" vão começando a ser servidos, os barquenses vão esperando pela aguardada carta de "vinhos" (sim, porque se comparasse figuras mais envelhecidas desta "nova" política local a comida, seria a "comida podre", e o barqueiro não quer entrar por caminhos ainda mais fedorentos).
Alguns desses aperitivos forma apresentados já em dois locais distintos do concelho: Sampriz e Bravães, só para abrir o apetite.
Comecemos por Sampriz, onde se serviu um "aperitivo" mais requintado, ou formal, se quiser. Foi a inauguração do Centro Cívico e do Brasão daquela freguesia. Velho show político, a inauguração de obras públicas teve o seu expoente máximo aquando das últimas e míticas eleições de Alberto João Jardim, na Madeira. Trata-se de um "aperitivo" clássico, a que nenhum político renuncia. Dá-se, no entanto, o benefício da dúvida, tendo em conta a fase em que ainda estamos, e o facto da câmara, e Vassalo Abreu em particular, até ter pautado as inaugurações de infra-estruturas em freguesias pela regularidade ao longo do mandato, em abono da verdade.
No entanto, tendo em conta a actual "conjuntura", a inauguração em Sampriz poderá ter sido de facto um "aperitivo". Até porque começam a surgir aparições políticas, neste particular do PS, em vários eventos populares em algumas freguesias. Começou recentemente em Bravães, com um convívio oficialmente apoiado pela Câmara Municipal, onde se conjugaram actividades desportivas, com missa e "comes e bebes". Congestão? Não... Fomento de popularidade... Brevemente surgirão mais eventos, nos quais se poderá a vir acrescentar folclore, mais uma actividade que faltou em Bravães, mas que também dá muito jeito neste género de "aperitivos". Brevemente teremos "folclores", ou "aperitivos", muito provavelmente não só da parte do PS...
Afinal de onde é Fernão de Magalhães?
Não. Não é o barqueiro o iluminado que sabe esta resposta, até porque quem realmente sabe da matéria, os historiadores, não reúnem um consenso. Apesar disso todos nós temos assistido ultimamente a um reavivar de memória, talvez uma pouco súbita, que deixou os barquenses a pensarem, no meio deste choque noticioso, que o grande Fernão de Magalhães é da Barca. No entanto, não se entenda este "súbito" como sinónimo de crítica. Este reavivar de memórias para o assunto é muito positivo, merecendo da parte deste blog uma palavra de incentivo para o executivo camarário e todos os intervenientes, para que continuem e ainda melhorem a divulgação de discussões e eventos culturais no concelho.
A cultura é uma área tradicionalmente desprezada no concelho (e até no país), à qual as pessoas ainda pouco aderem quando os raros eventos culturais vão surgindo. A fomentação da cultura deve ser algo começado já, para que venhamos a colher frutos daqui a anos, talvez dezenas, e não no espaço de um único mandato, como a classe política gostaria. E só mais um reparo: não confundam a música, a história, a literatura com o folclore gratuito. Ambos são formas de cultura. Só que a "gratuitidade" com esta última forma tem sido praticada no concelho tem-na tornado quase tóxica, enquanto que as primeiras formas têm sido praticamente ausentes. Sirva-se cultura em doses saudáveis e equilibradas, por favor!
Mas infelizmente, as intervenções do barqueiro nunca se limitaram à distribuição de "rebuçados" pelos que dirigem a vida pública e cívica do concelho. Apesar da positividade da reanimação da discussão histórica em torno de Fernão de Magalhães, o "tau-tau" desta vez vai para a forma como o assunto se divulgou. Os leitores mais atentos certamente que tiverem oportunidade de ler o artigo de A. Magalhães Sant'Ana no "O Povo da Barca". Foram aí apresentadas as linhas gerais daquilo que são os actuais factos provados acerca do nascimento de Fernão de Magalhães e das suas origens familiares. Cada vez mais certas parecem ser as raízes familiares deste navegador em Paço Vedro de Magalhães, no nosso concelho outrora chamado de Terras da Nóbrega. Pertencia à geração dos Magalhães de Ponte da Barca, apelido herdado do pai, e sua mãe, da família Sousa, era também desta terra. Teve 3 irmãos, um deles também ligado à viagens marítimas, e outro que lhe tratara de negócios em Ponte de Lima. Os actuais alicerces da torre de Magalhães constituem o testemunho no tempo das raízes dos Magalhães nestas terras. Apesar da hipótese de Sabrosa estar, segundo muitos estudiosos, a cair por terra, a hipótese de nascimento do navegador no Porto parece estar a ganhar consistência. Mantém-se ainda a hipótese de Ponte da Barca, defendida por alguns historiadores.
Trata-se por isso de um assunto longe de estar fechado. Apenas estará fechado dentro destas 3 hipóteses. Organizemos bem as nossas" ideias" nas prateleiras devidas, e não que não se caia na tentação de reivindicar essas origens para Ponte da Barca com base nas expectativas e nas ânsias dos barquenses, como se viu durante este período de discussão pública. Não se caia na tentação de dizer, como Manuel da Cruz Fernandes, que "À falta de comprovação histórica inequívoca, fiquemo-nos pela Barca, como berço de Magalhães, o navegador." Não inventemos. Temos sim é que conhecer com rigor científico a vida do primeiro navegador a dar a "volta ao mundo", por mar, e ao serviço de Castela.
Sr. Jack Barreira, aqui em Portugal já estamos a entrar em Maio!
Depois dos caricatos episódios na imprensa local protagonizados pelos "Amigos da Barca" (para quem ainda não sabe são uma associação social local, podendo saber algo mais em http://nadasobreabarca.blogs.sapo.pt/5598.html), eis que a os nossos jornais voltam mais uma vez a não deixar ficar mal o peculiar sentido de humor que muitas vezes caracterizam o povo barquense à procura de relevância no que aos eventos tradicionais diz respeito. Ainda que esse humor seja talvez muitas vezes criado de forma inconsciente, a verdade é que ao natural as coisas parecem sair sempre melhor. Depois das últimas semanas de stand up comedy protagonizadas por Olinda Barbosa e a bancada do PS em resposta, saímos do campo politiqueiro (expressão que este blog já ensinou a pessoas como Sílvia Torres) e entramos no campo dos "cantares ao desafio" e "ranchos folclóricos". Para além da religião, estes são ainda alguns dos ópios do povo barquense, e até internacional. O barqueiro refere-se naturalmente à comunidade barquense nos States . É que ao que parece no passado dia 10 de Março o Rancho Folclórico Barcuense , em Newark - USA, festejou o seu aniversário, convidando artistas da terra dessa comunidade emigrante (Ponte da Barca e Arcos de Valdevez). Foram eles Maria Celeste e Carlos Ribeiro, representantes da melhor arte de falar (entenda-se, ao desafio) destas terras do Minho, e os tocadores de concertina José António e Óscar Gomes.
O que tem tudo isto de tão engraçado ao ponto de vir neste espaço de "má língua"? Para além do facto de representar toda a pureza do nosso concelho, não tem nada. Isto é o que pareceria a quem não olha-se para a data de publicação dos jornais com esta notícia (no Notícias da Barca em 21 de Abril) e a quem lê-se esta notícia enquanto o encontro tradicional ainda estivesse "fresquinho". Mas isso é obviamente impossível, e para quem tem estado atento à actualidade noticiosa, repara que esta notícia já é mais velha do que a "Salbé Rainha" (é assim que se diz? é que rezas não é cá com o barqueiro). E para além disso a notícia já tinha sido publicado mais resumidamente nos jornais logo a seguir ao acontecimento. Tal como no caso dos "Amigos da Barca", estes amigos parecem não quererem mais nada senão jornais. Depois de já noticiada e renoticiada surge Jack Barreira com esta notícia fora de tempo. Não se põe em causa a qualidade das actuações ao ponto de serem recordadas eternamente. Porém, caso ainda muitos não tenham reparado a os jornais pretendem noticiar a actualidade, e essa já tem muito mais que publicar para além daquilo que já é publicado (pelos vistos, a assembleia municipal parece brindar os barquenses com enormes repastos de assuntos que dariam para encher páginas de jornais, apesar de se poder resumir a 2 ou 3 palavras à vossa escolha). Como a nossa terra também vai ficando rica em escritores, poder-se-ia até aproveitar estas tradições dos barquenses e seus emigrantes para se escrever um livro. E, Sr. Jack Barreira, como a Internet é um meio de comunicação global, fique esclarecido que aqui por terras lusas já estamos a entrar em Maio. Não é um aviso de mau gosto, apenas uma informação para que não se equivoque com estas coisas dos fusos horários.
Jovens da JSD não têm onde estudar!
"Estudar? Sim...mas onde?!": um título simplesmente sensacional! Foi este o título da tertúlia promovida pela JSD de Ponte da Barca no dia 23 de Março. Ao que parece o centro de tal debate não foi o lugar onde podem estudar os jovens da JSD, mas sim a tão polémica e ainda com sumo para espremer Carta Educativa. Lembram-se do autêntico arraial que foi falado aqui neste blog em anteriores artigos, acerca do que se passou neste concelho a propósito desta Carta Educativa? Pois foi mais ou menos isto que se voltou a passar nesta animada tertúlia. Se é daqueles que pensa que o barqueiro está mais uma vez a "regar", não é o caso desta notícia. Quer provas? Então fique com uma das citações acerca da Carta Educativa de um entitulado "Dr. Político":
"é uma grande treta e um verdadeiro espectáculo de folclore!"
Esta afirmação é o espelho da politiquisse em que se vive. Dá-se a entender que se vai falar dos sítios onde os jovens podem estudar, chega-se à tertúlia e afinal a Carta Educativa, já desgastada por tantas mãos e bocas que já passou, está em cima da mesa, e acaba-se a falar das semelhanças entre o folclore minhoto e a Carta Educativa. Magnífico!
Mais à frente, lê-se num dos jornais regionais, mais uma magnífica citação, que só por si retrata na plenitude a inteligência ou a falta de concentração e vontade para estar ali naquela tertúlia de qualidade "cor-de-rosa":
a culpa "não é dos professores, não é dos alunos, não é dos pais, a culpa é dos políticos que em nada contribuem para o sucesso do ensino(...)"
Pois é, senhores "Dr. políticos": a culpa é mesmo vossa, que contribuem com espectáculos destes para a politiquisse em que se vive. Como é que os políticos podem melhorar o ensino se são eles mesmos que fazem um verdadeiro espectáculo de folclore em discursos como estes?! Como puderam reparar, este "Dr. Político", primeiro contribui para o arraial político metendo o folclore no seu discurso, e depois admite que são eles próprios, os políticos, que contribuem para a situação do ensino. E ele tem toda a razão, pois com o seu discurso folclórico está a contribuir para a situação do ensino em Portugal: muito se fala (até de folclore, imagine-se!) mas soluções e conteúdo da discussão nem cheirá-los, e assim, nada se fazendo, se contribui para a situação do ensino dando-se uma bela noite de espectáculo ao mesmo tempo!
Para quem este espectáculo de folclore dado pela JSD ainda foi pouco, fiquem com o mirabulante desfecho do artigo publicado no Notícias da Barca:
"Por isso estivemos aqui, para esclarecermos a confusão da fusão e a fusão da confusão"
Relativamente ao primeiro ponto, temos dúvidas que a confusão da fusão das escolas do concelho num centro escolar tenha sido esclarecida, a julgar pelos magníficos conteúdos da palestra dada. Relativamente ao segundo ponto, nada descreve tão bem o que foi realmente esta tertúlia: A fusão de todas as confusões!
Será que esta Carta Educativa e a fusão das escolas do concelho ainda tem sumo para espremer? Esperemos que sumos de "laranjas" desta qualidade não sejam a bebida deste Verão.