Fugir de homossexuais: eles querem comervos!
Foram finalmente lançadas as bases para que os homossexuais deste país tenham a liberdade de escolher que vida afectiva querem ter. No fundo foi-lhes dada apenas agora, imagine-se, a liberdade de amar! E é disso afinal que se pode discutir acerca desse tema, para alguns tema polémico. Deste blog as palmas para a Assembleia da República.
"Não é que agora os homens se podem casar com homens e mulheres com mulheres?!" "E ainda por cima vão agora lutar pelo direito à adopção!" É mesmo isto, sr. barquense, aquilo de que se fala. E talvez sejam essas as expressões que foram e são usadas por alguns exemplares da cultura mais ou menos "tradicional". Basta para isso abrir um dos últimos "Notícias da Barca", onde segundo um opinador existem "Calculismos que se podem pagar caro", como por exemplo "a aberração do designado casamento homossexual", segundo as suas próprias palavras. Assim vamos nesta terra, onde provavelmente, segundo apenas a opinião do barqueiro, o referendo não traria nada de novo neste capítulo.
Diácono de Lindoso ajoelha-se a Deus
Depois de outras ordenações de padres do nosso concelho, também aqui comentadas no blog, o barqueiro vem mais uma vez tocar no assunto da situação da Igreja Católica e da política, aliadas desde o nascimento de Portugal, oficial durante o Estado Novo e evidente, ainda que não oficial, no tempo em que vivemos.
O diácono Orlando Carreira, da freguesia de Lindoso, foi ordenado. Logo a população se juntou em torno de tal acontecimento. Em Portugal, a herança religiosa ainda é muito pesada, sendo disso prova os festins que nas freguesias mais do interior se organizam quando um padre é ordenado. O barqueiro não quer com isto dizer que as tradições devam acabar. É no entanto um hábito ou tradição desfasada do tempo actual. Durante a História portuguesa, o padre era o símbolo da população, da sua paróquia. Além das funções religiosas, era muito mais que isso. Era um conselheiro, era aquele que mais e melhor conhecia as pessoas da aldeia. Infelizmente, durante o Estado Novo, era também, pelo menos em alguns casos, o símbolo da opressão, da falta de independência e em última análise, o símbolo da ausência do sentido crítico e intelectual de cada cidadão, como aliás são os fundamentos da Igreja Católica. A razão é o maior inimigo da religião. A Igreja, e as religiões em geral, tal como as conhecemos, tenderão sempre a tornar os seus fiéis em massas acríticas de pessoas, com um dogma em comum. Reflexões à parte, porque o assunto já se está a desviar um pouco do tema inicial, no nosso concelho ainda existe um desfasamento temporal relativamente à influência da Igreja. O poder político lá esteve no convívio do referido padre de Lindoso, como não poderia deixar de ser. À vista das pessoas, os políticos da terra são os mais “santeiros”, ou, pelo menos, tentam mostrar isso. Lá estão eles aos Domingos a celebrar a missa. Infelizmente um requisito do ser político ainda passa muitas vezes por ser católico e invocar o nome de Deus em prol do partido x. Um país laico na sua essência, é algo que Portugal, apesar de 35 anos de democracia, ainda não “cheirou”.
P.S: É uma “maldade” aquilo que os padres têm que fazer na ordenação, não é?! “Rastejar” aos pés dos superiores…
Viva a liberdade, e o início da sua conquista...
Foi há 35 anos que se deu o golpe de Estado que simbolizou o fim de décadas de ditadura salazarista. Os portugueses foram libertados das forças políticas que os botaram ao tacanhismo profundo, que os pretendiam tornar num conjunto de mentes amorfas subjugadas ao cérebro que era o Estado, com a velha aliança da Igreja.
Foram os Capitães de Abril os visionários da época. Foi com eles, e com todos os outros que contra o regime estavam, que se deu o início da democracia (o povo eleger os seus representantes políticos) e o passo mais crucial em direcção à liberdade, essa pela qual ainda hoje muitos lutam, pois a liberdade é um caminho que se começou a percorrer nesse 25 de Abril de 1974.
Que cada 25 de Abril se torne mais memorável que um enraizado "dia santo" (se fosse igual, já era bom...).
Que a alma de Abril, intrepretada por notáveis músicos, fique com os leitores deste blog...
Comemorações do 25 de Abril
É bonito ter ao longo do ano atitudes, decisões e ideias que nos fazem concluir, nas nossas reflexões filosóficas, que o espírito salazarista ainda está por aí, na maioria das cabecinhas, e chegar-se ao dia 25 de Abril e os jornais se encherem de bonitas homenagens aos ideais dos “Cravos”, e aos que por eles lutaram. É bonito quem tem convicções bem marcadas e as manifesta em benefício da cidadania ser “desligado” tanto da sociedade em que se insere, como de poderes mais altos. É bonito chamar-se chamar –se por “senhor doutor” a 50% ou mais da população e Portugal ser o país com menos grau de escolaridade. É bonito ver-se a encher os gabinetes e casas dos senhores “fulanos de tal”, os que por algum motivo conquistaram lugares de “influência” ou poder, com pessoas a pedir emprego ou um outro favor. É bonito ver-se uma Justiça onde “justiça” e “igualdade” são princípios quase postos de parte. É bonito ver o português, desde o mais pobre ao mais rico, “mamar” quanto os recursos à disposição permitem. É bonito ao fim disto, ver que muitas pessoas celebram o 25 de Abril, e noutros momentos dizem desejar o regresso de uma “Salazar” feito Messias. E em Ponte da Barca, não se faz por menos. Os artigos lá invadiram os jornais. Grandes são eles. E as dimensões das falácias por vezes maiores. Miguel Pontes lá diz que Portugal em 34 anos evoluiu, e “Em Ponte da Barca as coisas demoraram um pouco mais. Mas aconteceram!...”. Perante isto o barqueiro diz: era bonito que, ainda que nada viessem a escrever sobre o 25 de Abril, parassem para reflectir antes de falar e escrever, porque antes de escrever sobre liberdade e democracia, é preciso senti-la. Quando chegarem aí, escreverão artigos com menos “palha”, e tornarão os vossos graúdos artigos em graúdos artigos com pouco espaço para falar de tudo o que a Revolução dos Cravos realmente deverá significar para os barquenses.
Abril, cravos e liberdade
Vamos lá “meter a língua” no assunto
Existe um certo espaço no “Notícias da Barca”, cujo o autor é o já conhecido deste blog Jorge Moimenta, que nos vem neste 25 de Abril apresentar uma visão rebuscada do 25 de Abril. Uma visão que talvez seja própria de quem não sabe muito bem qual a substância da democracia e liberdade pela revolução conquistada. Por um lado critica o modo como a democracia foi a partir daí ensinada e implementada em Portugal, apresentando-se contra uma doutrina ensinada aos portugueses que segundo ele é “socialismo”. Por outro lado diz que os “100 mil professores que votam contra são compensados pelos 100 mil da direita que votam no governo!”. E a confusão assim se instala. Durante quase todo o artigo apresenta-se com uma postura extremista de direita e conservadora, dizendo que a partir da revolução o país não mais caminhou devido a, entre outros:
· “(…) o Sr. Professor deixava de o ser para ser apenas professor”;
· Os pais aprenderam que “as crianças deviam receber lições de sexo”;
· Que o “sacristão” teve que ser promovido a “padre”.
E questiona ainda:
· “Se os professores passaram a ter regalias que nenhum outro trabalhador tem, como lhes vamos exigir que aceitem a perda dessas regalias?”;
· Se as crianças tinham que aprender a fazer sexo, como podemos evitar que o façam na Ínsua do Vez ou que os namorados estejam nos cafés a meter a língua na boca um do outro?”.
E conclui estas ideias dizendo:
“Por tudo isto que ninguém se admire do que se passa no nosso país.”
Se isto não é extremismo de direita, anda-se a “meter a língua” lá perto. Lá pelo meio ainda fala que nem à Grécia Portugal conseguiu ganhar.
Pode-se então concluir que 34 anos depois ainda existe quem não saiba bem o significado do 25 de Abril, e qual o rumo de que uma democracia deve seguir, daí que se diga “Como caminha este país!”.
Metamos então a “língua” no que interessa. Vivemos mais um 25 de Abril, e mais uma recordação do que se passou no mesmo dia de 1974. Uma data crucial, que acabou tanto com a opressão e mordaça, com pilares na PIDE e censura, com o isolamento de Portugal no mundo, sem qualquer relações internacionais, com pilar numa história de um Portugal como grande império “provinciano” no mundo, e com a Guerra Colonial, assente na mesma ideia de Império. Este dia deveria, infelizmente, ser muito mais respeitado e lembrado, mas infelizmente a cultura católica herdada desse velho regime que caiu em 1974 faz com que feriados religiosos sejam mais cumpridos e respeitados. E muitos vêm dizer que do 25 de Abril, do seu espírito, sonhos e ideais, pouco resta, mas na realidade, como Mário Soares já disse, resta tudo: a democracia e a liberdade em que hoje Portugal e as suas gerações pós 25 de Abril vivem.
Marco do progresso nos Rotários (se fosse no Afeganistão ou em Portugal dos anos 60 e 70)
Os títulos de capa dos jornais locais têm noticiado que após de 27 anos de existência dos Rotários, são admitidos companheiros do sexo feminino. E disto se fizeram artigos noticiosos de um jornal. É de facto um grande acontecimento. É, na opinião do barqueiro, um grande passo na história dos Rotários, e sobretudo um sinal de progresso, revelando grande desafio às mentalidades “macho – dominadoras” predominantes… se fosse no Afeganistão ou em Portugal dos anos 60 e 70. Não se põe em causa aqui o papel importante dos Rotários, como clube ou associação de nível mundial. Apenas se pretende mostrar o porquê de toda a situação em que Ponte da Barca está mergulhada. O atraso é sobretudo consequência de barreiras que só são quebradas a longo-prazo, de forma muito “lentinha”. São as mentes barquenses, e outras como estas que são a principal causa da situação de Portugal na União Europeia.
Fica daqui o conselho para os Rotários e outras associações que executem os seus actos de modernização rapidamente, pois já estamos em 2008; se não, perdemos o comboio!