Dia 1 de Novembro - Dia de "floriados"
É no jornal “Notícias da Barca” que pudemos ler o melhor artigo escrito acerca do dia 1 de Novembro em toda a imprensa regional de Ponte da Barca. O seu autor é Manuel Silva Machado, e o seu título “Lidar com os Mortos”. Nele é descrita a forma “difícil” com que lidamos com os mortos, e por outro lado caricata. “(…) As conversas rápidas ou as trocas singelas de palavras com os outros que vieram à cerimónia (funeral), testemunham o ligeiro mal-estar que se instala sempre entre os vivos.” Com isto, o autor não quereria dizer, por outro lado, que “fica mal” não chorar durante um funeral, como se fazia antigamente com um dos hábitos mais macabros e vergonhosos do antigamente: o “pranto”, que predominava num mundo conservador e rural à imagem de Salazar. Significa sim que as pessoas escondem “a complexidade de afectos que entretinha com o morto.” Parece que há incómodo em viver perante a sociedade o que realmente cada um de nós sente acerca da morte e dos mortos que fizeram parte da nossa vida.
Todo o desfile de adereços das campas que se colocam nesse dia é algo “sem qualquer sentido”. Como este autor também diz, “O morto morreu, e nós que vamos caminhando no sentido de lhe ocupar o lugar, deixemos esses floriados e façamos com que uma simples lágrima furtiva desça pela face em sinal de dor.”
O que é mais triste, é que tenha de haver um “Dia do Morto”, como um dia de uma outra coisa qualquer, para que uma vez por ano haja pessoas que se lembrem dos mortos.