Gostaste de Salazar, barquense?!
É verdade! Salazar, ou pelo menos o seu fantasma, ainda anda por aí nas cabecinhas de portugueses, como os barquenses típicos. A última prova disso foi o concurso "Os Grandes Portugueses" da RTP, feito com base num formato da BBC. O barqueiro quer assim manifestar a sua grande desilusão perante as ideias ainda muito enraizadas pelo mito patriota e católico que foi o regime salazarista. É uma grande desilusão ver os portugueses a desejar o passado, passado que ironicamente os trava no caminho do futuro: no caminho do desenvolvimento e aproximação à União Europeia. Como o barqueiro conhece os terrenos que pisa, não foi novidade nenhuma ver pessoas a desejar um novo regime de opressão. Os barquenses, aos quais é dirigido este blog, demonstram-no no dia-a-dia: nas conversas, nas convicções, nos seus comportamentos. Aliás, este sítio da Internet é uma montra que tem ironizado situações caricatas da actualidade da Barca, situações essas que constituem uma verdadeira montra da prática de ensinamentos salazaristas, que apesar de já terem acabado há muitos anos, ainda continuam a passar de pais para filhos. Querem exemplos? Então fiquem com a seguinte lista de sintomas característicos do salazarismo provinciano, que o podem ajudar a avaliar o seu estado de saúde mental:
E em conclusão de tudo isto vivemos num ciclo vicioso em que está para surgir quem o quebre: é o poder político que se aproveita do povo e não o serve devido à corrupção, apesar de por vezes se darem sinais de quererem resolver as crises, e é o povo que também desconfia sempre do poder político e não contribui com uma atitude interventiva para o estimular, apesar de acreditar momentaneamente na promessas políticas de 4 em 4 anos.
E é nisto que temos vivido desde o 25 de Abril, que apesar de ter mudado muito o país para acompanhar o ritmo evolutivo da Europa, especialmente a partir da adesão à UE, não se consegue libertar das lavagens ao cérebro depois de tantos anos de ditadura. Daí que até haja pessoa que gostam da ditadura e que a extrema direita esteja lentamente a crescer.
Mas como isto se está a tornar um pouco pesado, e pouco divertido, eis que a imprensa regional nos brinda com artigos que olham para o leitor e os obriga a dizer "ri-te, ri-te!".
É o caso de Jaime Ferreri na edição de 23 de Março de "O Povo da Barca". Nele publica um artigo entitulado "Os Grandes Portugueses", onde critica a opressão de Salazar que ele próprio viveu, particularmente quando foi para a Guerra Colonial. Pena é que a imagem que este escritor passa de Salazar, apesar de correcta, muitos dizem que não corresponde às suas verdadeiras convicções. Só ele o saberá realmente, e só quem com ele lida e o conhece é que poderá dizer mais alguma coisa para além de declarações de vozes dispersas e anónimas e de boatos. Mas uma coisa é certa: para Salazar ganhar a única votação que não subornou e depois de estar morto, muitas pessoas terão votado nele, e muitas pessoas deverão existir, ainda para mais em terras do interior, que têm saudades dos tempos da "Mocidade Portuguesa". Fiquem com um filme dos "Gato Fedorento", que não tem a intenção de criticar ou tirar o mérito a quem lutou por Portugal obrigado pela vontade salazarista, tendo o objectivo apenas de caricaturar o soldado do ultramar.
Outro artigo da imprensa regional que se destacou foi a entrevista à empresa "Américo Esteves & Filhos". Não pelo conteúdo da entrevista, mas pelas semelhanças físicas entre o fundador da empresa e o ditador tão falado nestes últimos tempos. Digam lá se à primeira vista não se podem confundir!
Para fechar, vejam mais um episódio protagonizado pelos emigrantes em França. Os emigrantes são mais um sinal e um vestígio no tempo do atraso a que a ditadura votou Portugal, particularmente as regiões do interior e provincianas, obrigando as pessoas a emigrarem. Ironicamente o regime que criou as dificuldades neste país que os obrigaram a partir para o estrangeiro deixou marcas em muitos ao ponto de não conseguirem libertarem-se de velhos pensamentos antiquados, que seria suposto perderem em países muito mais abertos culturalmente. Apesar estarem sempre a mostrar que os emigrantes portugueses são os mais trabalhadores, a aceitação dos imigrantes que vêm para o nosso país trabalhar ainda é muito má, fruto de tais raízes que agora estão a ser reavivadas pelos movimentos de extrema-direita. Patriotismo em primeiro lugar, já lá dizia Salazar. Só depois Deus e ainda mais atrás Família.
Depois de tudo isto, resta ao barqueiro despedir-se, deixando a sua opinião de que perante raízes tão fortes que não deixam o país caminhar para a modernidade tão desejada, só uma Europa cada vez mais unida, no sentido de caminhar cada vez mais para um estado global e não de uma união de estados, será provavelmente a salvação para países como Portugal e para as suas mentes mais salazaristas, como é o caso da maioria dos barquenses deste concelho.